Por Raphael Pereira de Souza

A conturbada 12º franquia Super Sentai provoca o aspecto de dúvida da natureza humana. O público foi frontalmente dividido em dois grupos: Aqueles que acreditam que a bravura dos heróis poderia salvar seus ex-companheiros e aqueles à favor dos vilões, ou seja concordando com o fato de que os humanos são a escória na cadeia alimentar, que para tanto deve ser extinguida.

O panteão de vilões de Chojuu Sentai Liveman - Foto: Reprodução Internet

Proeminentemente assim como os heróis, os vilões dessa série também acreditam em um ideal. É inegável que seja a busca pelo poder absoluto em alcançar o grau máximo da sabedoria, como tenta até o último minuto o Grande professor Bias. Mas, de certo modo, se pararmos para analisar, o que os humanos como um todo vem tentando fazer é exatamente a mesma coisa. Por mais que no seriado os heróis tenham um objetivo fixo, que em nenhum momento é alterado não deixa de afirmar em diversos momentos pelos vilões direta ou indiretamente, que a humanidade corre sérios riscos de extinção.

Conhecendo os vilões

Doutor Kemp (Yutaka Hirose)

Kemp ou somente Doutor Kemp, antigo Tsukitaka Kenji, rival de Yusuke (Red Falcon) na Academia. É um dos personagens do lado dos vilões mais icônicos deste Sentai, provando que os humanos estão sedentos pelo poder. Ao mesmo tempo que representa a psicose, também demonstra sinais animalescos que revelam o animal que o homem verdadeiramente é, e que de certa forma às vezes ainda se mostra bem próximo do que se pode chamar de irracionalidade.

Diferentemente da maioria dos sentais, em que ocorre uma certa submissão por parte dos membros do clã dos vilões. Nesse vemos características que sugerem, que seus personagens, apesar de frequentemente obedecerem às ordens do Grande professor Bias são independentes em seus atos. Uma delas é a Doutora Mazenda, antiga Senda Rui, rival de Megumi (Blue Dolphin) na Academia, que mesmo após ter sido transformado em Machine Mazenda ela consegue ter consciência de que não pretende ser mais controlada, e que pode andar com as próprias pernas. Tomando partido de seu próprio destino. Mas acaba ferida e, em seguida se suicida para evitar que continue sendo usada. Vale lembrar, que estamos falando do Japão, e para quem sabe um pouco da história nipônica esse ato reflete bastante o que ocorria na época do Japão feudal com os serviçais caso se desligassem de seus postos e decidissem tomar rumo de sua própria vida, de forma independente.

Uma questão recorrente no meio escolar até hoje, isso em qualquer parte do mundo é o complexo de inferioridade, pelo qual passa um adolescente. Aqui encontramos o jovem Omura Gou, rival de Jou (Yellow Lion) na Academia. Onde, fracassa na vida escolar, e resolve se juntar ao império como forma de um novo começo. Lá é transformado em monstro Obular, no entanto, mais uma vez se vê fracassando, após fracassar na criação de um monstro feito a partir de si mesmo. Talvez muitos achassem que ele fosse se suicidar ou mesmo se sacrificar por alguém, como aquelas mortes honrosas como único final merecedor. Porém, não é o que acontece. Doutor Obular é dado como traído pelos ex-companheiros, graças a isso tenta salvar a vida de Mazenda, mas fracassa mais uma vez. Retornando aos braços da mãe passando a viver uma vida normal. Nesse caso vemos um bom exemplo de como o destino pode brincar conosco. Porque, apesar de fracassar o tempo todo a vida quis mostrar para Gou, que valia a pena ficar vivo. Mostrando que um dia ele tenha sucesso nos seus atos. Uma lição de vida sutil se parar para pensar.

A vilão Doutora Mazenda interpretada pela atriz Akiko Kuruso

Doutor Ashura ou seu antigo eu Busujima Arashi, o típico criminoso e anti-herói da história. Principalmente astuto, foi educado pelo próprio Bias. Até descobrir segredos sobre o império, Ashura era leal, principalmente por ser o responsável pela criação do Trio Shura, grupo que por sua vez dá muito trabalho aos Liveman. Quando regressa sua forma humana Arashi ajuda os heróis se sacrificando para que os Liveman obtivessem a vitória.


No mais, Liveman cultivou excelentes vilões com enredos super dramáticos, contrariando um pouco a lógica da submissão pelo líder. Outros que valem menção são o guarda-costas robô de Bias, Guardnoid Gash, que defende ferozmente seu amo, provando seu valor como personagem submisso a mostrar, que ao menos um deles é submisso até o fim, mesmo que tudo dê errado. Guildos e Butchy, que particularmente vejo como mal finalizados. Poderiam ter servido de muito mais apoio ao elenco, principalmente Guildos, que a princípio pareceu tão poderoso. Mas foi o típico “cão que ladra não morde” do seriado, infelizmente. Ganhando uma morte pelo simples desgosto. Em sua totalidade Choujuu Sentai Liveman foi capaz de criar uma atmosfera de suspense repleta de surpresas. Portanto, de fato, representa um sentai, que quebra paradigmas e inova na maneira de se fazer roteiro. GIGA PHANTOM!!!